Xamilas e as bolachas de chocolate

Conheço uma ervilha. Chama-se Xamilas. Xamilas saíu de casa para comprar pão. Chegada à padaria olhou o pão quentinho. Ficou indecisa entre o pão de trigo e o de centeio. Ambos pareciam deliciosos. Apenas podia escolher um deles portanto concluiu que era razoável que tivesse que tomar uma decisão.

Lembrou-se então que podia sempre não tomar qualquer decisão acerca dos pães. Mas nesse caso estaria sempre a decidir entre (1) tomar uma decisão sobre que pão comprar e (2) não tomar qualquer decisão. A menos que também decidisse não tomar nenhuma decisão relativamente a estas duas opções. Mas não tomar essa decisão seria por si só já uma opção entre (A) não tomar nenhuma decisão sobre escolha entre 1 e 2 e (B) escolher entre 1 e 2.

Nessa altura, Xamilas apercebeu-se que este processo se podia repetir indefinidamente. Se ali ficasse a enumerar as decisões que podia obter desta maneira, dado que elas são infinitas, ficaria ali tempo infinito. Se ficasse ali tempo infinito, acabaria por tomar involuntariamente a decisão de não tomar qualquer decisão sobre nenhuma das possíveis decisões. E isto por si só era já uma decisão. Em resumo, se ela se desse ao trabalho de conhecer todas as possibiilidades de escolha que tinha, o mundo decidiria por ela.

Xamilas concluiu que se tivesse informação completa sobre o mundo, não podia agir sobre ele. Ficou demasiado perturbada e voltou para casa sem pão. Comeu bolachas de chocolate. Estavam tão boas.

No comments:

Post a Comment